terça-feira, 25 de junho de 2013

O racismo e as crianças

Propaganda com família intreracial gera reações retrógradas e reabre debate sobre o preconceito


Por Mariana Della Barba 24/jun 00:31


Um comercial que está passando na TV americana tinha tudo para arrancar suspiros e ser classificado como fofo. 

Nele, uma menininha pergunta para mãe se um cereal chamado Cheerios faz bem para o coração. Ao ouvir a resposta positiva, a garota sai em disparada com a caixa na mão. Em seguida, vemos o pai acordando de uma soneca no sofá e cheio de cereal na camisa, bem na altura do coração (imagens acima).

"Ah, que linda essa garotinha, se preocupou com a saúde do pai", deveria ser o comentário de todos. Mas um detalhe chamou a atenção de um leva de pessoas: o fato de o pai ser negro e mãe, branca.

Bastou para os racistas escondidos atrás da tela da TV ou do computador (muitos viram pelo Youtube) lançarem ofensas contra o casal, a marca e até contra a garotinha, na área de comentários do site de compartilhamento de vídeos. 
Entre os piores termos estavam genocídio racial - pra ficar com apenas um.

A marca do cereal logo fechou a área de comentários no YouTube e divulgou uma nota, dizendo que eles estavam tentando retratar uma família americana. 

"E há muitas famílias muilticulturais no país hoje."

Nem é preciso dizer o quanto tudo isso se aplica à realidade brasileira, não é mesmo?

O racismo - velado ou escancarado - permeia toda a sociedade, fazendo com que as crianças também sejam alvos. 

No Brasil e nos Estados Unidos pais e mães - negros(as) e brancos(as) -  se revoltaram contra o racismo sofrido por suas famílias e colocaram a boca no trombona. 

Aqui, lembro do exemplo de um casal que estava comprando um carro e o filho - um garoto negro de 7 anos - quase foi expulso da loja, porque um funcionário achou que ele um menino de rua. Inconformados, os pais criaram a página no Facebook, "Preconceito Racial não é Mal-Entendido" (de onde eu tirei a imagem acima).

Atitude semelhante foi tomada por um casal que se sentiu ofendido pela reação racista à propaganda do cereal Cheerios. Eles protestaram criando o site www.wearethe15percent.com, ou "nós somos os 15%", em referência ao dado do censo americano que diz que 15% dos novos casamentos são entre brancos(as) e negros(as). No site, o casal publica fotos - enviadas por leitores - de famílias interraciais mundo a fora.