Propaganda com família intreracial gera reações retrógradas e reabre debate sobre o preconceito
Por Mariana
Della Barba 24/jun 00:31
Um comercial que está passando na TV americana tinha tudo para arrancar
suspiros e ser classificado como fofo.
Nele, uma menininha pergunta para mãe se um cereal chamado Cheerios faz bem
para o coração. Ao ouvir a resposta positiva, a garota sai em disparada com a
caixa na mão. Em seguida, vemos o pai acordando de uma soneca no sofá e cheio de
cereal na camisa, bem na altura do coração (imagens acima).
"Ah, que linda essa garotinha, se preocupou com a saúde do pai", deveria
ser o comentário de todos. Mas um detalhe chamou a atenção de um leva de
pessoas: o fato de o pai ser negro e mãe, branca.
Bastou para os racistas escondidos atrás da tela da TV ou do computador
(muitos viram pelo Youtube) lançarem ofensas contra o casal, a marca e até
contra a garotinha, na área de comentários do site de compartilhamento de
vídeos.
Entre os piores termos estavam genocídio racial - pra ficar com apenas
um.
A marca do cereal logo fechou a área de comentários no YouTube e divulgou
uma nota, dizendo que eles estavam tentando retratar uma família
americana.
"E há muitas famílias muilticulturais no país hoje."
Nem é preciso dizer o quanto tudo isso se aplica à realidade brasileira,
não é mesmo?
O racismo - velado ou escancarado - permeia toda a sociedade, fazendo com
que as crianças também sejam alvos.
No Brasil e nos Estados Unidos pais e mães - negros(as) e brancos(as) - se
revoltaram contra o racismo sofrido por suas famílias e colocaram a boca no
trombona.
Aqui, lembro do exemplo de um casal que estava comprando um carro e o filho
- um garoto negro de 7 anos - quase foi expulso da loja, porque um funcionário
achou que ele um menino de rua. Inconformados, os pais criaram a página no
Facebook, "Preconceito Racial não é Mal-Entendido" (de onde eu tirei a imagem
acima).
Atitude semelhante foi tomada por um casal que se sentiu ofendido pela
reação racista à propaganda do cereal Cheerios. Eles protestaram criando o site
www.wearethe15percen t.com, ou "nós somos os
15%", em referência ao dado do censo americano que diz que 15% dos novos
casamentos são entre brancos(as) e negros(as). No site, o casal publica fotos -
enviadas por leitores - de famílias interraciais mundo a fora.
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